Este post não visa discutir sobre moralismo levando em conta o conceito do termo moral. Se discutíssemos sobre ele, certamente levaríamos a cabo uma discussão com teor vago, suprassensível, inútil sobremaneira. Neste post discute-se sobre o falso moralismo no sentido — talvez absolutamente distorcido — da hipocrisia que, comum, passa a fazer parte de discursos dos que pregam, e somente pregam, situação e comportamento ideais.
Deparei-me nas últimas horas com comentários, como esse e esse, que contrariam o sentimento eternamente pseudopatriota do brasileiro de apoio à escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica em 2016. Dentre outros, acalorados escritores, blogueiros e aspirantes a economistas críticos abordam temas como corrupção, legado, violência e miséria. Colocam-se os mesmos como contrários à aprovação do Brasil porque, em suma, gostariam que o dinheiro fosse investido em melhorias sociais.
Também, deparei-me nos últimos meses com indivíduos que, sob os efeitos de uma ou outra religião, preconizam a defesa à verdade, aos valores da família, ao respeito, à humildade e ao sentimento consciente de submissão que os relacionam ao Criador. Não há situação em que D’us não está de olho e, para eles, todos, em valores absolutos, deveriam serguir à risca as palavras Dele em prol de um mundo mais pleno, puro e sem mentiras.
Na mais ácida ironia, que lindos são os indivíduos patriotas e religiosos que tanto o bem desejam para os seus e a assolada sociedade brasileira, não? (…) Seriam os patriotas, repletos de sentimentos pró-sociedade, capazes de prestar auxílio, ainda que com valores milhares de vezes menores que os 28 bilhões a serem investidos nas Olimpíadas, àqueles que mais necessitam? Seriam os religiosos, desditosos em relação às mentiras e aos prazeres mundanos, capazes de seguir à risca a Palavra que apregoam?
Ah, vá plantar o pé, não pega no meu batata!