O trabalho do DJ é importante; a música sempre foi fundamental nesses ambientes. E é tão importante que, imagine, se tirássemos a música de uma pista de dança (geralmente em altíssimo volume!), tudo ficaria sem sentido. Seriam toneladas de corpos jovens se remexendo, rebolando, dançando e rodando ao léu, pairando sobre o ridículo. Aliás, é justamente na dança, na música, no nada, que esses jovens jogam toda a culpa. Muitas vezes nem são tão jovens assim, mas uns marmanjões. No fundo de seus corações, cada jovem ali está por um obscuro motivo: alguns porque querem saciar a libido, querem encontrar uma pessoa com quem se relacionar (ainda que por uma noite) ou massagear a autoestima, outros porque precisam se autoafirmar em seus grupos, bebericar uns mililitros de álcool e sair um pouco de si, vestir a roupa nova (geralmente cara!) ou mesmo porque ficariam depressivos, sozinhos, em outro ambiente qualquer; em casa ou com a família, por exemplo. No fundo de seus corações, os problemas psicossociais são tão agravantes, tão agravantes (!), que a neobadalação passa a fazer o papel de uma viciante droga. Droga. Caça e Caçador.
Dança e música, nesse contexto, passam a ser um escudo. Basta adentrar uma casa noturna para perceber que ali, naquela caixa quadrada e escura, exceto pelo dançar, beber, conversar groselhas ou se esbarrar de distintas formas, não há nada para se fazer. Nadinha. Ali, em grupos, os jovens dançam. E dançam porque não poderiam assumir, quando adentram, que procuram resolver problemas de cunho psicossocial. Não seria de bom tom, é evidente, que um jovem garoto falasse à hostess ou à cobiçada mulher, logo no primeiro encontro, que ali está em busca de uma noite de prazer gratuito ou à caça da pessoa amada. (…) E assim sendo, atentados e protegidos pela altura do som, todos conversam ao pé-do-ouvido, trocam olhares fakes, fazem movimentos sensuais ao tentar atrair a presa, cantam para demonstrar que aprenderam o idioma inglês ou a letra da nova música e ainda, para tanto, gastam o dinheiro além-da-conta como se tudo fizesse alguma diferença. E de repente faz; para a mente.
O NÃO retumbante dos indivíduos que não frequentam esse tipo de lugar se dá porque os problemas psicossociais em questão — digo os típicos dos mais jovens — já foram resolvidos. Não vão à neobadalação porque já saciam a libido à moda, quando querem, ou mesmo já encontraram uma pessoa para a vida, têm a autoestima massageada, não mais precisam se autoafirmar em seus grupos e, sobretudo, porque (quando já não o fizeram) estão em fase de constituir uma família, criar filhos. Não há problemas adolescentes a serem resolvidos, não tem mais sentido.
Por fim, eu não gosto da neobadalação, mas ainda assim mantenho minha posição: torço para que ela continue gerando empregos ao barman, ao vendedor de chicletes, ao técnico de som, ao organizador de eventos, à hostess, à menina do caixa (…) e ao DJ!
Muito obrigado, jovens.