Cultivo uma íntima relação com a música desde muito cedo. Das fotos com uma pequena sanfona e um grande fone de ouvido aos 3 anos de idade às centenas de registros da longa carreira como DJ, desde as fitas cassete e discos de vinil até a era do Spotify, boa parte da minha vida foi dedicada à música. E essa relação é tão intensa, tão profunda, que muitas vezes é através dela que Deus conversa comigo.
Eu ainda não sabia se seria menino ou menina quando, estranhado, acordei com a abrasileirada música da animação Toy Story na cabeça. Amigo, estou aqui! ecoou na mente muitas vezes até que, enfim, eu pudesse entender a mensagem: era Deus me avisando que Emanuel estava por vir. Ali, enquanto todos repetiam Será menina!, eu já não tinha dúvidas: seria menino. Certeza. Foi uma lindíssima manhã.
E nessa de Deus se aproveitar da íntima relação que tenho com a música para me enviar recados, hoje recebi outro. Fui acordado pelo choro de Emanuel e pela mente inquieta, que de novo insistia em ressoar, inexplicavelmente em silêncio, uma música lá do canto do cérebro: Ode To Joy, último movimento da Nona Sinfonia de Beethoven. Pois bastou clicar play para vivermos juntos, Emanuel e eu, a madrugada mais alegre desde seu nascimento, há 4 meses e 9 dias. Ali e aqui, o título fez sentido e foi como se Emanuel já falasse. Enfim, uma lindíssima madrugada.
Toda uma vida musical: o fom-fom da sanfoninha, os scratches do vinil e os cliques para reproduzir músicas em alto volume nas casas noturnas, às centenas de pessoas, ou mesmo via bluetooth, bem baixinho, para que Emanuel, somente ele, fosse inundado com ondas de tranquilidade. Uma forte relação que se reformatou inúmeras vezes, altera-se a cada dia e tem Deus como plano de fundo. Imagens e sons me vêm à mente em flashes, exatamente como este parágrafo.
Outro recado?