Estômago para Empreender

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Ao contrário do que muitos imaginam, tenho ressalvas no que diz respeito à construção de planos de negócios para a abertura de uma pequena empresa. Também não sou do tipo que define empreendedor como aquele se supera, atrelando a sua imagem à da já banalizada motivação. Acredito, sim, que o empreendedor pode catalisar (e somente catalisar) o processo empreendedor ao desenvolver planos de negócios e que, para empreender, ele necessariamente supera obstáculos, esquivando-se das zonas de conforto. Tais condições, porém, sob meu ponto de vista, não são pré-requisitos para a definição do termo e para o exercício do empreendedorismo, mas, assim como a formação acadêmica, são importantes ferramentas. A título de ilustração, visite a biografia de alguns agentes da destruição criativa do mundo moderno, e.g. Richard Branson, Herb Kelleher e Ratan Tata.

Conforme os estudos realizados no Núcleo de Pesquisas em Empreendedorismo (NuPE) da Faculdade ESPA, onde atuo como professor-orientador, empreendedor é o indivíduo que se utiliza de algumas características comportamentais distintas para atuar como agente da transformação socioeconômica. Em suma, muitas vezes ele sobrevive sem a formalização de planos de negócios, mas todos (ou quase todos) os empreendedores se superam ao alterar, de uma forma ou de outra, com práticas motivacionais ou não, as suas realidades.

Hoje, em sala de aula, meus alunos e eu discutimos justamente sobre a situação em que o indivíduo, prestes a iniciar suas atividades empresariais, precisa se superar. Já não atrelamos o empreendedorismo somente à motivação humana e, baseados na discussão proposta por Jacques Marcovitch em seus livros, conversamos sobre a distância que existe entre a oportunidade e a iniciativa (apesar de ambas estarem dispostas na mesma característica do comportamento empreendedor). Nesse sentido, se por um lado vislumbrar oportunidades é fácil, por outro colocá-las em prática não está entre as tarefas mais amigáveis. Haja superação!

Deparei-me, somente na última semana, com situações exemplares. Em uma delas o aspirante — até então defensor taxativo do “pare de falar, comece a fazer” — se sentia amedrontado porque sair do ambiente corporativo e empreender se tornava iminente em sua vida. Em outra, um aluno se desestimulou ao simplesmente imaginar o processo necessário para a transformação de uma ideia em realidade. Na terceira, o grupo de trabalho “fazia” de qualquer jeito, desconsiderando uma verdade às vezes dolorosa: fazer não se equipara a fazer de qualquer jeito. E levando em conta que falar de si gera apatia, não exporei aqui as minhas experiências em casos do tipo.

Enfim, catalisar o processo empreendedor por meio da construção de um plano de negócios, superar obstáculos para a realização de sonhos e empreender é ideal, ou melhor, fora da reta, mas eu garanto: precisa ter estômago.

3 comments on “Estômago para Empreender”

  1. Simplesmente concordo, precisa ter muito estômago para empreender. No meu caso muito estômago para terminar uma dissertação de mestrado.

  2. Excelente post, não vejo a hora de entrar na faculdade de administração de empresas, enquanto não chega minha hora, vou lendo um pouco, quase nada sei sobre o ramo, mas já percebi que tem que ter toda uma dedicação e força de vontade para transformar sonhos em metas e metas em realidade.

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